Projeto conta com patrocínio do Instituto UNIMED Uberlândia, via PMIC, e atende 90 participantes em situação de vulnerabilidade social
Ana Cláudia dos Santos, 10, está feliz com o novo talento que descobriu: atuar. Ela é uma das 90 crianças que participam do projeto CineOLHAR 2025, por meio do qual, crianças e adolescentes de Uberlândia-MG, atendidos por organizações da sociedade civil e em condição de vulnerabilidade social, têm a oportunidade de aprender cinema de forma gratuita. Com patrocínio do Instituto Unimed Uberlândia, através do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC), a iniciativa promove oficinas semanais de formação audiovisual em três regiões da cidade.
Nesta edição, o projeto atende 90 participantes, com encontros realizados no SOS Família Planalto (quartas-feiras, das 13h às 14h30), SOS Família Santa Luzia (sextas-feiras, das 13h às 14h30) e Estação Vida, no bairro Shopping Park (sextas-feiras, das 15h30 às 17h). As atividades são gratuitas e conduzidas por educadores especializados na linguagem cinematográfica. As oficinas tiveram início em abril e seguem até a primeira quinzena de dezembro.
Durante o ano, os alunos aprendem noções de roteiro, filmagem, edição, produção, movimentos de câmera, fotografia e montagem. Os conhecimentos são aplicados na criação de vídeos autorais, que serão divulgados na internet e exibidos em três Mostras de Vídeos abertas ao público, previstas para ocorrer entre o final de novembro e início de dezembro. O objetivo é promover a circulação cultural e dar visibilidade às produções realizadas pelas crianças e adolescentes.
Desde sua criação, em 2017, o projeto já beneficiou diretamente mais de ͏900 cria͏nças e a͏dolescen͏tes, com a produção de mais de 30 curtas-metragens e um alcance indireto estimado em mais de 3 mil pessoas. Para a idealizadora e coordenadora do CineOLHAR, Aline Miguel, a proposta vai além da formação técnica: é uma ação de escuta, valorização da criatividade e fortalecimento do protagonismo juvenil. “O CineOLHAR nasceu da escuta e da convivência com esses jovens. A proposta é que eles não apenas aprendam a utilizar o audiovisual, mas que encontrem nele uma forma de contar suas próprias histórias e visões de mundo”, afirma Aline.
Lucas Gabriel, 12, é um dos participantes do projeto. Ele teve a oportunidade de participar na edição do ano passado e fala com entusiasmo sobre o CineOLHAR. “Eu gosto de participar do projeto, porque é legal e divertido. São muitas pessoas que participam e nós nos interagimos bastante. Fazemos filmes, curtas-metragens, trabalhamos muito em grupo e quando trabalhamos em grupo funcionamos melhor do que pensarmos sozinhos. Trocamos opiniões e é muito bacana. O que mais me chama atenção é a forma como são feitos os filmes, pois com poucos recursos conseguimos fazer uma boa produção. Eu espero que neste ano possamos fazer mais filmes e melhores do que no ano passado”, disse.
Além das oficinas regulares, os participantes também vivenciam workshops com especialistas da área, abordando temas como documentário, figurino, maquiagem artística e cenografia, ampliando ainda mais o repertório criativo dos alunos.
A edição 2025 reafirma o compromisso do projeto com a democratização e descentralização da produção cultural, oferecendo às novas gerações uma experiência artística transformadora. Aline destaca que, com o retorno de alunos de edições anteriores, a expectativa é de que as produções deste ano alcancem um nível ainda mais elevado: “Como alguns participantes continuam no projeto de um ano para o outro, o aprendizado acumulado contribui para elevar a qualidade dos curtas-metragens. Além disso, queremos que mais pessoas participem do evento final, ampliando o impacto da iniciativa.”
A aluna ͏do SOS P͏lanalto,͏ Ana Bea͏triz Vie͏ira Cost͏a, 12, t͏ambém pa͏rticipa ͏pelo seg͏undo ano͏ consecu͏tivo. “E͏u amo pa͏rticipar͏ do proj͏eto, por͏que envo͏lve cois͏as que e͏u gosto ͏e porque͏ ensina ͏muito a ͏gente a ͏lidar co͏m o coti͏diano, c͏riar sit͏uações e͏ resolve͏r proble͏mas. Eu ͏gosto mu͏ito da o͏rganizaç͏ão das o͏ficinas,͏ porque ͏eu adoro͏ gravar ͏e atuar,͏ que é o͏ que pro͏jeto pro͏põe pra ͏gente. N͏o ano pa͏ssado, e͏u amei a͏ experiê͏ncia e n͏este ano͏ eu quer͏o a mesm͏a coisa,͏ só que ͏um pouco͏ melhor,͏ com a c͏olaboraç͏ão dos a͏tendidos͏ e dos p͏rofessor͏es eu es͏pero que͏ este an͏o seja m͏elhor qu͏e o ano ͏passado”͏, disse.
Mais do que ensinar cinema, o CineOLHAR transforma os participantes em agentes ativos da cultura e da mudança em suas comunidades. “Eles aprendem não só sobre filmes, mas também a trabalhar em equipe, comunicar-se, desenvolver empatia e respeito com os colegas, professores, familiares e todos ao seu redor”, conclui Aline Miguel