BELO HORIZONTE (3/6/2024) – Marcos Vinícius Pereira nasceu e foi criado na fazenda, em Coromandel, no Cerrado mineiro. Ao lado do pai, José Flávio Pereira, ajudava na produção de leite, que sempre foi a atividade principal da família. Ao todo, são 130 animais na propriedade de 50 hectares, sendo 50 vacas para lactação, que produzem cerca de 500 litros diariamente. Mas contar apenas com o leite tem sido um desafio, pelas crises frequentes no setor. Por isso, diversificar é uma necessidade.
“A atividade está passando por um processo difícil, porque o preço não está bom”, lembra José Flávio. Diante desse cenário, logo que Marcos retornou para a fazenda, depois de se formar em engenharia ambiental, começou a pesquisar uma alternativa para investir. Optou pela cultura da mandioca. “Há muitos anos o meu pai mexeu com a mandioca, então decidi retomar, porque é uma atividade que demanda menos mão de obra e que dá para intercalar com o leite”, explica.
Começou plantando apenas em meio hectare, hoje já são quatro dedicados à cultura. Para agregar valor, investiu também numa pequena agroindústria, onde processam minimamente a mandioca. “A gente começou trabalhando na varanda de casa, mas à medida que foi crescendo, necessitamos de um espaço mais adequado. Aí procuramos a Emater-MG, que junto com a Vigilância Sanitária orientou o projeto e a obra”, conta.
Pnae e Pró-Calcário
A pequena agroindústria processa cerca de 700 quilos de mandioca por semana. Além de atender ao mercado local, por intermédio da Emater-MG, eles também vendem a mandioca para a alimentação escolar. “As escolas já pagam pra gente o preço final e isso é muito bom”, destaca Marcos.
Além de trabalharem juntos, pai e filho também são assistidos pela Emater-MG. Desde a década de 90 os técnicos da empresa pública acompanham a família, orientando sobre boas práticas de produção, auxiliando no acesso ao crédito rural e os inserindo em diferentes políticas públicas, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Pró-Calcário, programa realizado em parceria com a prefeitura de Coromandel.
O p͏roj͏eto͏ pr͏omo͏ve ͏a d͏oaç͏ão ͏de ͏até͏ de͏z t͏one͏lad͏as ͏de ͏cal͏cár͏io ͏par͏a o͏s a͏gri͏cul͏tor͏es,͏ um͏ in͏sum͏o i͏mpo͏rta͏nte͏, u͏ma ͏vez͏ qu͏e o͏s s͏olo͏s b͏ras͏ile͏iro͏s s͏ão ͏em ͏sua͏ ma͏ior͏ia ͏áci͏dos͏. “͏Com͏ o ͏cal͏cár͏io ͏é p͏oss͏íve͏l s͏e f͏aze͏r a͏ ca͏lag͏em,͏ qu͏e é͏ fu͏nda͏men͏tal͏ pa͏ra ͏eli͏min͏ar ͏a a͏cid͏ez ͏do ͏sol͏o e͏ fo͏rne͏cer͏ nu͏tri͏ent͏es ͏par͏a a͏s p͏lan͏tas͏, g͏ara͏nti͏ndo͏ a ͏pro͏dut͏ivi͏dad͏e”,͏ ex͏pli͏ca ͏o t͏écn͏ico͏ da͏ Em͏ate͏r-M͏G, ͏Reg͏is ͏Per͏eir͏a.
Marcos lembra que o calcário é um insumo indispensável e que acaba pesando bastante no custo de produção. “Se a gente fosse comprar o que está sendo disponibilizado, ficaria muito caro, então favorece muito, especialmente a gente que é pequeno produtor”, diz.
Os destaques na agropecuária em Coromandel são as produções de leite, soja, algodão e milho. São mais de três mil propriedades rurais, cerca de 70% da agricultura familiar.