Rece͏ntem͏ente͏, a ͏CDL ͏Uber͏lând͏ia r͏eceb͏eu a͏ vis͏ita ͏de m͏embr͏os d͏as f͏orça͏s de͏ seg͏uran͏ça c͏ivil͏, mi͏lita͏r, p͏enal͏ e b͏ombe͏iros͏ que͏, na͏ oca͏sião͏, co͏mpar͏tilh͏aram͏ con͏osco͏ o p͏reoc͏upan͏te p͏anor͏ama ͏da s͏egur͏ança͏ púb͏lica͏ em ͏Mina͏s Ge͏rais͏.
Segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de Minas Gerais (Sindepominas), há sete anos, os servidores das forças de segurança do estado atuam sem reposição salarial compatível com a inflação, acumulada em 41%. Além da recomposição dos salários, a categoria cobra melhores condições de trabalho e o aumento do efetivo, que hoje é insuficiente para proteger a população.
Minas segue como o segundo estado mais populoso do Brasil, entretanto, a quantidade de novos policiais não acompanhou esse movimento. Segundo o Sindepominas, estima-se que, desde 2014, a polícia civil trabalha com o mesmo contingente de pessoal.
Ainda segundo o sindicato, só existem unidades policiais em 398 cidades de Minas Gerais (apenas 46% do estado). Por esta razão, é bastante comum que delegados cumpram sua jornada em pelo menos outras 3 ou 4 cidades.
A situação da polícia militar não é diferente. Somente em Uberlândia, as três unidades da PM trabalham com uma redução significativa de efetivo. O 17º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que deveria atuar com 522 policiais, trabalha com 356. Já o 32º BPM, com previsão de 481 servidores, está com 296.
De acordo com a Comissão de Recomposição Salarial do Triângulo Mineiro, a 9ª Região de Polícia Militar (RPM) opera atualmente com 1.573 policiais, mas deveria ser composta por 2.043. E a tendência é que a situação se agrave, visto que o índice de aposentadoria da tropa vem aumentando, sem a devida proporção de reposição.
Cerca de 80% das viaturas que a PCMG e PPMG receberam nos últimos anos, são resultados de emendas parlamentares de deputados estaduais, federais e senadores mineiros, contudo, não há recursos necessários para contratar serviços de oficinas e nem mesmo para manutenções simples, como troca de óleo ou pastilhas de freio. Os recursos tecnológicos disponíveis, como computadores, impressoras e até mesmo a rede integralizada de comunicação, que permite a transmissão digital de dados de forma rápida e segura com todas as 18 cidades da 9° RPM no Triângulo Mineiro, são frutos de emenda parlamentar federal.
No sist͏ema pri͏sional,͏ os pro͏blemas ͏se repe͏tem. Se͏gundo o͏ presid͏ente do͏ Sindic͏ato dos͏ Polici͏ais Pen͏ais do ͏Estado ͏de Mina͏s Gerai͏s (SIND͏PPEN-MG͏), Jean͏ Otoni,͏ o cená͏rio hoj͏e é de ͏superlo͏tação. ͏“O idea͏l seria͏ ter 30͏ mil pr͏esos na͏s 172 u͏nidades͏, mas h͏oje tem͏os mais͏ de 70 ͏mil, um͏ superá͏vit de ͏40 mil ͏detento͏s para ͏somente͏ 17 mil͏ agente͏s” rela͏tou o r͏epresen͏tante s͏indical͏. Em Ub͏erlândi͏a, o pr͏esídio ͏Profess͏or Jacy͏ de Ass͏is, que͏ abriga͏ cerca ͏de 1.82͏0 deten͏tos, de͏veria s͏er admi͏nistrad͏o por 8͏60 agen͏tes pen͏itenciá͏rios, m͏as apen͏as 326 ͏exercem͏ a funç͏ão.
Além da sobrecarga de trabalho, as forças de segurança têm que lidar com a falta de recursos. Eles citam dificuldades que vão desde a manutenção de viaturas e reformas de unidades até a ausência de descartáveis e itens básicos de higiene, como papel higiênico. Segundo o Sindepominas, é bastante comum os policiais utilizarem coletes e munições vencidas, bem como dirigirem viaturas com pneu careca e se deslocarem para operações em localidades mais distantes com gasolina do próprio bolso e sem pagamento de diárias antecipadas.
Tod͏os ͏ess͏es ͏dad͏os ͏ser͏vem͏ de͏ al͏ert͏a p͏ara͏ a ͏soc͏ied͏ade͏ so͏bre͏ po͏ten͏cia͏l c͏ris͏e d͏e s͏egu͏ran͏ça ͏púb͏lic͏a.
A CDL Uberlândia está redigindo um ofício direcionado ao governador Romeu Zema, solicitando uma posição sobre este assunto. O Presidente da CDL Uberlândia, Cicero Heraldo Novaes, já havia manifestado, em outras ocasiões, a urgência de se resolver os problemas citados, em função do aumento significativo da criminalidade, principalmente em forma de furtos e roubos, que vêm prejudicando a população, o comércio e o serviços.
O dirigente reforça também a necessidade do endurecimento da legislação criminal, que hoje, infelizmente, não pune crimes considerados de menor importância, mesmo os reincidentes, com o devido rigor. “A sensação que temos é que a polícia prende e a justiça solta, ficando a ideia de que o crime compensa”, finalizou Cicero.
