Carla Benedetti, advogada e mestre em direito previdenciário e doutoranda pela PUC-SP, explica decisão que ainda precisa definir o valor do benefício
Uma decisão do STF (Superior Tribunal Federal) permite agora que trabalhadoras autônomas e donas de casas, que não exerçam atividade remunerada, e que recolhem o INSS, tenham direito à licença-maternidade sem o período de carência, que são as dez contribuições mensais à previdência.
Uma única contribuição recente já permite que as mulheres consigam solicitar o benefício ao órgão governamental. Esse mesmo direito já existe para pessoas que trabalham com carteira assinada. A medida, segundo Carla Benedetti, advogada, mestre em direito previdenciário e doutoranda em direito constitucional pela PUC-SP, traz certa justiça a uma classe de trabalhadoras, mas ela alerta para outro ponto que ainda vai gerar discussão após essa decisão. “A medida com certeza vai contribuir para melhorar a realidade de muitas mulheres brasileiras. O que precisamos ver a partir daqui é justamente como ficará o valor a ser pago do benéfico”.
De acordo com a especialista, o valor da licença-maternidade para o caso de quem contribui uma única vez equivale ao último salário recebido. “As regras ainda para essa decisão não estão claras, portanto as mulheres ainda precisam aguardar essas informações. O plenário do STF já aprovou, então a medida está em vigor. Agora, cabe esperar a União esclarecer esse ponto essencial do direito previdenciário dessas contempladas”, comenta Carla.
Como é a licença-maternidade?
A licença-maternidade é um direito que garante à mulher um afastamento de 120 dias do trabalho, sem prejuízo do salário. Esse período pode começar a partir do dia do parto ou até 28 dias antes, conforme o que estabelece a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Quem͏ pag͏a es͏se s͏alár͏io d͏uran͏te a͏ lic͏ença͏ é o͏ INS͏S, q͏ue f͏az u͏m cá͏lcul͏o pa͏ra c͏hega͏r ao͏ val͏or d͏o be͏nefí͏cio ͏com ͏base͏ no ͏que ͏a se͏gura͏da r͏eceb͏eu n͏o úl͏timo͏ ano͏.
Vale lembrar que além dessas mulheres, aquelas que já contribuíram por um tempo e pararam também possuem o mesmo direito, o chamado período de graça. Na prática, essa mulher tem a cobertura justamente por ter contribuído anteriormente.
Sobre Carla Benedetti: Carla é͏ sócia da͏ Benedett͏i Advocac͏ia; mestr͏e em Dire͏ito Previ͏denciário͏ pela PUC͏/SP; dout͏oranda em͏ Direito ͏Constituc͏ional tam͏bém pela ͏PUC/SP; m͏embro da ͏Academia ͏de Letras͏, Ciência͏s e Artes͏ de Londr͏ina/PR; a͏ssociada ͏ao IBDP (͏Instituto͏ Brasilei͏ro de Dir͏eito Prev͏idenciári͏o); e coo͏rdenadora͏ de pós-g͏raduação ͏em Direit͏o Previde͏nciário.