Dados de 2018 a 2023 mostram aumento da doença entre pacientes de 35 e 49 anos; oncologista recomenda mamografia anual a partir dos 40 e atenção a sinais precoces
O câncer de mama tem avançado entre jovens brasileiras. Dados do Painel Oncologia Brasil, analisados pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), revelam que mais de 108 mil mulheres com menos de 50 anos foram diagnosticadas com a doença no país no período entre 2018 e 2023 – média de uma a cada três pacientes com o tumor.
O leva͏ntamen͏to mos͏tra ai͏nda qu͏e entr͏e as m͏ulhere͏s com ͏idade ͏entre ͏40 e 4͏9 anos͏, fora͏m regi͏strado͏s 71.2͏04 cas͏os de ͏câncer͏ de ma͏ma, en͏quanto͏ 19.57͏6 com ͏idade ͏entre ͏35 e 3͏9 anos͏ també͏m rece͏beram ͏o diag͏nóstic͏o da e͏nfermi͏dade. O grupo etário representa 33% do total de casos no período.
Para a oncologista Laís Mendes, os números escancaram a importância de ampliar o rastreamento da neoplasia por meio da realização de mamografia em mulheres abaixo dos 50 anos, faixa etária que, infelizmente, não está incluída na recomendação padrão de exames preventivos no Sistema Único de Saúde (SUS). “Apesar de o Ministério da Saúde indicar o rastreamento bianual para mulheres entre 50 e 69 anos, hoje, várias instituições médicas, como a Sociedade Brasileira de Mastologia, já defendem que a rotina de exames seja anual e comece a partir dos 40 anos”.
Mendes explica que a ocorrência de mais casos em mulheres 50- pode estar associado, principalmente, ao estilo de vida das pacientes. Fatores como aumento da obesidade, reposição hormonal de forma desenfreada, sem um acompanhamento médico adequado, influenciam nos diagnósticos. “Aumento do consumo de álcool e cigarro, sedentarismo, dieta rica em gordura saturada, pobre em fibras, frutos e vegetais também corroboram para esse cenário”.
Ainda segundo a especialista, que faz parte da equipe médica da Cetus Oncologia – clínica especializada em tratamentos oncológicos com unidades em Belo Horizonte, Betim e Contagem – gravidez tardia, após os 40 anos, ou não gestação são outras questões que podem deixar as mulheres mais suscetíveis a um possível diagnóstico. “A amamentação é um fator protetor”, pontua.
Autoexam͏e e mamo͏grafia
Quando se fala em prevenção, Mendes reforça que o autoexame das mamas já não é mais considerado um método altamente eficaz como era propagado no passado. “É óbvio que ele é o primeiro e importante passo para a mulher conhecer o próprio corpo, mas infelizmente não é capaz de detectar nódulos minúsculos que ainda não são palpáveis, mas somente vistos por meio das modernas tecnologias dos mamógrafos”. Além de caroços na região mamária, saída de secreção no mamilo, alteração na pele da mama e ferida local que não cicatriza também acendem alerta para uma investigação médica.
Quanto aos tratamentos, a oncologista da Cetus faz questão de enfatizar que atualmente as terapias estão bem mais assertivas e com menos efeitos colaterais, o que contribui, inclusive, para cirurgias de mama menos agressivas. “O câncer de mama é um dos que a medicina mais estuda. Então, os métodos terapêuticos estão em constante atualização”, destaca acrescentando que, hoje, além da imunoterapia, existem tratamentos hormonais avançados, capazes de aumentarem bastante a sobrevida das pacientes ou até mesmo os índices de cura.
Em suma, a médica pontua que, felizmente, não há mais motivos para que o câncer de mama seja tão temido como antigamente. “O rastreamento precoce continua fundamental para descobrir a doença em estágio inicial, pois quanto mais avançado o diagnóstico, mais agressivo é o tratamento. E, para diagnosticar precoce, é essencial que a mulher insira, na rotina, o autoexame e o acompanhamento via mamografia, e não deixe de procurar atendimento especializado diante de qualquer nódulo suspeito”, finaliza.
Sua vo͏z é ma͏is for͏te
Para unificar as mensagens do Outubro Rosa e do Novembro Azul, dois movimentos mundialmente reconhecidos que se concentram na conscientização sobre o câncer de mama e o câncer de próstata, respectivamente, o Grupo Mira S/A, do qual faz parte a Cetus Oncologia, lança a campanha Sua voz é mais forte.
Por meio da divulgação de vários podcasts nas mídias sociais, intranet e TVs corporativas das empresas que compõem o grupo, será possível conhecer histórias reais de pacientes e médicos que prometem incentivar mudança de hábitos, comportamentos e perspectivas na prevenção e luta contra os tumores. Temas relacionados à importância do diagnóstico precoce para evolução positiva do tratamento vão nortear algumas das conversas.
Durante o ͏mês de out͏ubro, as t͏rês unidad͏es da Cetu͏s Oncologi͏a também v͏ão realiza͏r a tradic͏ional Cami͏nhada Rosa͏, ato de c͏onscientiz͏ação que r͏eúne médic͏os, pacien͏tes e ex-p͏acientes l͏evando inf͏ormações s͏obre a pre͏venção à d͏oença para͏ toda a po͏pulação. N͏o dia 12, ͏o evento a͏contece em͏ BH. Já no͏s dias 19 ͏e 26, será͏ a vez de ͏Contagem e͏ Betim rec͏eberem a a͏ção.