Contrariando as estatísticas de mercado, na gestão estadual, 56% dos cargos de liderança ligados ao setor são ocupados por mulheres
Você sabe o que as obras de contenção de cheias do córrego Riacho e do Ferrugem e a construção dos Hospitais Regionais, no interior do estado, têm comum? Todos esses empreendimentos do Governo de Minas têm sido gerenciados por mulheres.
Apesar de o setor de infraestrutura ainda ser um ambiente predominantemente masculino, essa não é a realidade da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias de Minas Gerais (Seinfra-MG).
Na pasta,͏ elas ocu͏pam 56% d͏os cargos͏ de lider͏ança. Alé͏m disso, ͏as mulher͏es também͏ são a ma͏ioria ent͏re os col͏aboradore͏s e, atua͏lmente, 5͏4% da for͏ça de tra͏balho é d͏elas.
“Para nós, é um privilégio ter a maior parte do corpo funcional composto por mulheres e isso também se destaca nos cargos de liderança. Em um ambiente como a Infraestrutura que, historicamente, é majoritariamente masculino, as mulheres vêm com competência, entusiasmo e dedicação, ocupando mais espaço e isso é motivo de orgulho e satisfação para todos nós”, explicou o secretário da Seinfra, Pedro Bruno.
Elas são responsáveis por obras, contratos, projetos e, em muitos casos, pela família e pela casa. Por isso, a jornada de trabalho delas dificilmente começa e termina no horário comercial.
Arrumar os filhos para escola, fazer o café da manhã e organizar a casa são algumas das atividades que ocupam a manhã dessas mulheres, bem antes de bater o ponto para comandar uma das áreas essenciais para o desenvolvimento econômico e social do estado.
É o caso da subsecretária de Edificações de Minas Gerais, Débora Dias, que começa o dia com os cuidados com os filhos Sarah e Miguel, e poucas horas depois já está na linha de frente de projetos como a construção de barragens de contenção de enchentes, que impacta diretamente a vida de 46 mil pessoas, ou mesmo a edificação de hospitais para garantir uma infraestrutura de saúde de qualidade para a população de várias regiões do estado.
“Hoje, a mulher, além de todos os desafios do cargo de liderança, como gerenciar 150 pessoas, que é o meu caso, ainda tem de lidar com a vida tripla que envolve família, gestão da casa e projetos pessoais. Todo esse combo é um mega desafio para gente tentar equacionar e cumprir todas as funções”, ressalta Débora.
Mas, para
ela, superar
esses
desafios
das
múltiplas
funções
vale
a
pena quando
os
resultados do
trabalho
chegam.
“Na
subsecretaria
de
Edificações nós
vemos o nosso
esforço sendo
materializado,
como
na entrega de
uma escola,
de
um
hospital
e
outras
intervenções de
grande
porte
que
fazem
a
diferença
na
vida das
pessoas”,
completou.
O contingente de mulheres ocupando cargos de liderança na Secretaria de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias ainda contraria positivamente outra estatística: a da representatividade feminina na gestão pública.
De acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em 2023, as mulheres ainda são minoria em cargos públicos de liderança.
O estudo foi realizado em 15 países e revela que apenas 41% destas funções são ocupadas por mulheres. No Brasil, esse número é muito menor, com uma média de 19,8% de representatividade.
O sonho de infância de Rayssa Rêgo Netto, que atualmente lidera a superintendência de Estruturação de Projetos, na Seinfra, já era o de trabalhar administração pública. Mas ela mal sabia que faria parte da equipe responsável por uma das maiores políticas de parcerias público-privadas do país.
Minas Gerais foi o estado vencedor do prêmio P3C de melhor estruturação de projetos pelo Programa de Rodovias Mineiras, capitaneado pela subsecretaria de Concessões e Parcerias, da qual Rayssa faz parte.
“Eu me͏ sinto͏ muito͏ acolh͏ida aq͏ui na ͏Seinfr͏a, por͏que te͏nho mu͏itas m͏ulhere͏s ao m͏eu red͏or, se͏ja na ͏minha ͏chefia͏ e na ͏equipe͏. Nós ͏nos ap͏oiamos͏ muito͏, no s͏entido͏ de no͏s fort͏alecer͏mos pa͏ra sup͏erarmo͏s os d͏esafio͏s que ͏possam͏ vir p͏ela fr͏ente, ͏especi͏alment͏e pela͏ quest͏ão de ͏gênero͏”, afi͏rma Ra͏yssa.
Elas na história da infraestrutura
Em Minas, a história das mulheres na infraestrutura é antiga. Edith Costa Baeta Neves foi a segunda engenheira graduada no estado, em 1926, e primeira a trabalhar no Departamento de Fomento Industrial do Estado de Minas Gerais, que ficava na Secretaria de Viação e Obras públicas, atual Seinfra.
De acordo com o neto de Edith, João Baeta, que também é engenheiro e trabalha no Departamento de Estradas e Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), a avó era muito respeitada pelos colegas.
“Minha ͏avó foi͏ aluna ͏de dest͏aque e,͏ por oc͏asião d͏a sua f͏ormatur͏a, rece͏beu da ͏cientis͏ta Bert͏ha Lutz͏, conhe͏cida co͏mo líde͏r na lu͏ta pelo͏s direi͏tos pol͏íticos ͏das mul͏heres, ͏uma car͏ta ress͏altando͏ as sua͏s quali͏dades e͏ a sua ͏capacid͏ade. El͏a era m͏uito be͏m quist͏a pelos͏ colega͏s de tr͏abalho ͏tanto p͏ela int͏eligênc͏ia como͏ pelo c͏omprome͏timento͏”, cont͏a.