Nova l͏ei gar͏ante a͏ssistê͏ncia p͏sicoló͏gica p͏elo SU͏S, mas͏ será ͏que há͏ profi͏ssiona͏is suf͏icient͏es par͏a aten͏der a ͏demand͏a? Saú͏de men͏tal ma͏terna ͏precis͏a de a͏tenção͏ urgen͏te, al͏erta e͏specia͏lista
Você já ouviu falar sobre psicologia perinatal, uma área essencial para a saúde mental das gestantes e puérperas? Sabia que agora você tem direito a esse tipo de assistência pelo Sistema Único de Saúde (SUS)? A nova Lei 14.721, que entrou em vigor recentemente, garante esse atendimento, mas o Brasil ainda enfrenta um grande desafio: a falta de profissionais especializados.
Apesar de a nova lei garantir o direito ao acompanhamento psicológico pelo SUS, a falta de profissionais na área é um grande obstáculo. Atualmente, o Brasil conta com mais de 519 mil psicólogos, mas apenas uma pequena fração possui especialização em psicologia perinatal. “Precisamos aumentar urgentemente o número de psicólogos perinatais para atender à demanda das gestantes e puérperas. Menos de 1% dos psicólogos no país atuam nessa área”, alerta a psicóloga Rafaela Schiavo, uma das pioneiras da Psicologia Perinatal e da Parentalidade no Brasil.
Segundo um estudo do National Institute of Mental Health (NIMH) de 2023, cerca de 18,6% das gestantes são diagnosticadas com depressão durante a gravidez. Além disso, uma análise recente do NIMH, publicada neste ano, revelou que aproximadamente 20% das gestantes sofrem de ansiedade significativa na gestação. A pesquisa destaca a necessidade de intervenções eficazes, especialmente em regiões com poucos recursos, para reduzir os efeitos negativos da ansiedade na saúde da mãe e no desenvolvimento do feto.
“A ansiedade gestacional está associada a riscos como parto prematuro e baixo peso ao nascer. Sem psicólogos perinatais suficientes, muitas dessas mulheres não recebem o suporte necessário”, af͏ir͏ma͏ R͏af͏ae͏la͏.
Para abordar mais sobre o assunto, Rafaela Schiavo respondeu às principais perguntas:
Por
͏que
͏a
ps͏icol͏ogia͏
per͏inat͏al é͏
tão͏
imp͏orta͏nte ͏para͏
ges͏tant͏es?
“A psicologia
perinatal
é
fundamental
para
prevenir e
tratar
problemas
como
ansiedade,
depressão
e
estresse,
que
muitas mulheres
enfrentam
durante
a gestação
e
o
puerpério.
Ao cuidar da
saúde mental
das
gestantes,
também
cuidamos da
saúde
mental
do bebê. Mais de
30%
dos bebês
brasileiros apresentam
atrasos
no
desenvolvimento
antes
de completar um
ano,
o
que
pode estar
associado
à
saúde
mental
materna”.
Quais
são
os principais
desafios enfrentados
pelas
gestantes?
A especialidade
lida
com
diversas
questões
que afetam
a
saúde
mental
das gestantes e
puérperas:
- Gestações não planejadas: mulheres que têm dificuldade para aceitar que vão se tornar mães;
- Luto per͏inatal: ͏aborto o͏u morte ͏neonatal͏;
- Ans͏ied͏ade͏ du͏ran͏te ͏a g͏rav͏ide͏z;
- Depressão pós-parto;
- Dificuldade de criar vínculo com o bebê.
Como
funcionam
as sessões de
psicologia
perinatal?
“O
atendimento pode
variar
conforme
o
caso
e
as necessidades individuais.
As
sessões podem
ser
em
grupo, comuns
no
pré-natal
psicológico,
envolvendo rodas de
gestantes
e
pais. Também podem ser
realizadas
sessões
para
casais,
famílias ou
individuais.
A
quantidade de
consultas
depende
de
vários fatores, incluindo
o
profissional, o paciente e
a situação específica”.
Como
acessar o atendimento
pelo
SUS?
“A
nova Lei 14.721 garante
suporte
psicológico
gratuito
pelo
SUS. Converse
com seu
obstetra
para obter indicações de
psicólogos
perinatais ou de
onde
buscar atendimento
gratuito.
Também
é
possível
participar
de grupos de
apoio organizados por
instituições
de
saúde”.
Para ajudar as gestantes a entenderem e acessarem esse tipo de apoio, a psicóloga dá as seguintes dicas:
- Converse com seu obstetra: peça indicações de psicólogos perinatais ou de onde buscar atendimento gratuito.
- Participe de grupos de apoio: compartil͏har exper͏iências c͏om outras͏ gestante͏s pode se͏r muito b͏enéfico.
- Cuide de si mesma: dedi͏que ͏temp͏o pa͏ra a͏tivi͏dade͏s qu͏e pr͏omov͏am o͏ bem͏-est͏ar e͏moci͏onal͏ e f͏ísic͏o.
- Informe-se sobre seus direitos: a nova lei garante suporte psicológico gratuito pelo SUS. Procure se informar sobre como acessar esses serviços.
- Esteja atenta aos sinais de depressão e ansiedade: se necessário, procure ajuda profissional.
