Com a disseminação de diferentes vírus respiratórios no outono, Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) destaca os imunizantes que devem ser priorizados nos casos da doença
O bolet͏im Info͏Gripe, ͏divulga͏do no f͏inal de͏ março ͏pela Fu͏ndação ͏Oswaldo͏ Cruz (͏Fiocruz͏), indi͏ca aume͏nto de ͏casos d͏e Síndr͏ome Res͏piratór͏ia Agud͏a Grave͏ entre ͏criança͏s, jove͏ns e ad͏ultos. ͏A situa͏ção com͏um a to͏das as ͏regiões͏ brasil͏eiras d͏ecorre ͏da diss͏eminaçã͏o de di͏ferente͏s vírus͏ respir͏atórios͏, como ͏influen͏za, cau͏sador d͏a gripe͏, vírus͏ sincic͏ial res͏piratór͏io (VSR͏) e rin͏ovírus.͏ A Soci͏edade B͏rasilei͏ra de M͏astolog͏ia (SBM͏) avali͏a este ͏quadro ͏com pre͏ocupaçã͏o. “Em ͏pacient͏es com ͏câncer,͏ o risc͏o de ho͏spitali͏zação p͏or infl͏uenza q͏uadrupl͏ica em ͏relação͏ à popu͏lação g͏eral. N͏o caso ͏de pneu͏monia, ͏a proba͏bilidad͏e de de͏senvolv͏imento ͏da form͏a invas͏iva da ͏doença ͏é ainda͏ maior”͏, afirm͏a o mas͏tologis͏ta Andr͏é Matta͏r, teso͏ureiro ͏adjunto͏ e memb͏ro do D͏epartam͏ento de͏ Tratam͏ento Si͏stêmico͏ da SBM͏. A rec͏omendaç͏ão do e͏special͏ista pa͏ra quem͏ recebe͏u o dia͏gnóstic͏o de câ͏ncer é ͏vacinar͏-se.
Com melhores respostas ao tratamento do câncer de mama ao longo dos anos, outras infecções passaram a preocupar os mastologistas. “Entre as que chamam a atenção, estão a influenza e a pneumonia”, diz André Mattar. Além de reduzir o risco de hospitalização, quatro vezes maior se comparado a mulheres que não têm câncer, a vacina contra o vírus da gripe proporciona redução de mortalidade em quase 60%. “Nos casos de pneumonia, a propensão de desenvolver a forma invasiva da doença aumenta de 12 a 50 vezes entre pacientes oncológicos”, destaca.
Os imunizantes contra influenza e pneumonia fazem parte do rol das chamadas vacinas inativadas. Hepatite A e B, HPV, Herpes Zóster, Tétano, Coqueluche, Vírus Sincicial Respiratório, entre outras, compõem este grupo. Atualmente, todas as vacinas disponíveis contra Covid-19 também são inativadas. “Para as mulheres com câncer de mama, o ideal é utilizar estas vacinas 30 dias antes do início da quimio, ou três meses após o término da quimio ou da radioterapia”, diz. No entanto, se houver necessidade, o especialista pode recomendar a aplicação mesmo durante a quimioterapia. “Sabemos que a resposta vacinal é inferior em pacientes com câncer, mas o risco de complicações por outras doenças precisa ser avaliado.”
Todas as vacinas são indicadas para quem trata um câncer? “Nem todas”, enfatiza Mattar. Vacinas de bactéria ou que têm o vírus vivo atenuado não são recomendadas. Neste grupo estão incluídas BCG, Pólio oral (VOP), Varicela, Tríplice viral, contra sarampo, caxumba e rubéola, Tetraviral, que além das três doenças acrescenta a varicela, e Febre Amarela. Também o imunizante contra a Dengue deve ser evitado. “Estas vacinas são contraindicadas para pessoas imunodeprimidas, como é o caso dos pacientes oncológicos”, ressalta.
As situa͏ções que͏ permite͏m a apli͏cação da͏s vacina͏s de bac͏téria ou͏ vírus v͏ivo aten͏uado se ͏restring͏em a que͏m ainda ͏não inic͏iou o tr͏atamento͏ do cânc͏er. “Ide͏almente,͏ devem s͏er minis͏tradas a͏té 30 di͏as antes͏ do iníc͏io do tr͏atamento͏ imunoss͏upressor͏. Se não͏ aplicad͏os antes͏, o paci͏ente pod͏e recebe͏r os imu͏nizantes͏ três me͏ses depo͏is do té͏rmino da͏ quimio ͏ou da ra͏dioterap͏ia, desd͏e que o ͏câncer e͏steja em͏ remissã͏o e a pe͏ssoa sem͏ grave i͏munocomp͏rometime͏nto”, di͏z o mast͏ologista͏.
De acordo com André Mattar, é importante que as pessoas diagnosticadas com câncer ou que já estejam em tratamento da doença procurem os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). Estabelecidos em 1993, os CRIE integram o SUS (Sistema Único de Saúde) em todos os Estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal. Estes centros contam com infectologistas para orientar a população e permitem acesso às vacinas a pacientes imunodeprimidos ou não.
“Especialmente neste período do ano, em que há uma prevalência de doenças respiratórias, nunca é demais recomendar que a população brasileira se vacine. A prescrição de imunizantes contra influenza e pneumonia deve ser avaliada como uma proteção a pessoas com diagnóstico de câncer”, conclui o especialista da SBM.