Hábitos como tabagismo e falta de atividade física podem influenciar no desenvolvimento da doença
No Brasil, 45% da população tem hipertensão, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados em 2023. O número de diagnósticos é alarmante e cresce a cada ano, sendo que quatro a cada cinco pessoas com a doença no mundo não recebem o tratamento adequado. O desconhecimento pode acarretar problemas ainda maiores e para combatê-lo, foi instituído o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, celebrado nesta sexta-feira, 26 de abril.
Para o cardiologista Evander Moraes Botura, a hipertensão pode acarretar graves complicações, “No cérebro, a hipertensão é a principal causa de sangramento cerebral, e também provoca trombose cerebral. Além disso, a hipertensão atua nos dois tipos de AVC, o que ocorre por sangue e o causado pela trombose. Nos olhos, a doença diminui o calibre dos vasos, e com isso a acuidade visual cai. Também pode haver sangramento da retina, que é o fundo do olho. No coração, a hipertensão provoca o aumento de tamanho para gerar mais força, no começo isso funciona, mas depois o aumento acaba em falência do músculo, que é sobrecarregado. Em relação aos rins, é a segunda maior causa de perda renal no Brasil e no mundo. Nas pernas, ela contribui para o surgimento de trombose”.
Conhecida como “pressão alta”, a doença crônica ocorre quando a pressão do sangue contra a parede dos vasos é grande. Isso acaba agredindo as artérias e faz com que elas fiquem mais estreitas. “A hipertensão é definida pela condição em que a pressão máxima fica em 140, ou 14, como as pessoas dizem, e a mínima em 90, ou 9. Então se a pessoa tem uma pressão mantida em várias vezes de 140 por 90 ou mais, estamos diante de uma pessoa com a doença”, pontua o cardiologista.
A hipertensão é assintomática, ou seja, a grande maioria não tem sintomas da doença, e sim de complicações. A causa da doença é multifatorial, isso significa que diversos hábitos podem influenciar no desenvolvimento, “mais de mil fatores genéticos já foram identificados ligados à hipertensão, não é possível modificar isso, então pressupõe tratamento para toda a vida”. Por esse motivo, é importante o alerta para que a pressão arterial seja medida com frequência por meio de um profissional.
“A doença pode ser combatida de duas maneiras, chamamos de tratamento medicamentoso e não medicamentoso. Esse último é baseado no estilo de vida, e leva em conta vários fatores. O paciente com hipertensão precisa perder peso, porque até as perdas modestas auxiliam na redução da pressão arterial. O outro fator é a restrição de sal, geralmente o recomendado é menos de seis gramas de sal de cozinha por dia. Também tem a questão do potássio que é pouco mencionado, mas ele reduz a pressão arterial, ou seja, a saída é ingerir potássio nas frutas e nos legumes. Além disso, o paciente precisa se exercitar, tanto o exercício de academia como caminhada são muito úteis. Existe relação direta entre consumo de álcool e hipertensão, então o médico pode permitir pequenas quantidades de álcool. Parar de fumar é uma medida importante, se você fuma um cigarro a cada meia hora, sua pressão será elevada o dia inteiro. O controle do estresse e a dieta saudável também são indispensáveis”, esclarece Evander.
O cardiologista ainda ressalta que não existe cura, e apenas 5% dos pacientes terão o problema resolvido definitivamente. Os outros 95% precisam ter como aliado o estilo de vida mais saudável, além dos medicamentos, caso seja necessário.