Pesquisa͏dores da͏ univers͏idade es͏tão mape͏ando esp͏écies, e͏stimar e͏stoque d͏e carbon͏o das ár͏vores e ͏estudar ͏os impac͏tos da p͏opulação͏ de java͏lis
A Cemig e a Universidade Federal de Lavras (UFLA), uma das mais conceituadas do país, estão realizando estudos dentro do programa de incentivo à pesquisa do Plano de Manejo da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Galheiro, na cidade de Perdizes, no Triângulo Mineiro. A área às margens da Usina Hidrelétrica (UHE) de Nova Ponte é de extrema importância, preservando áreas de cerrado e floresta em uma extensão difícil de ser encontrada na região, e reunindo espécies nativas de plantas e animais ameaçados de extinção. Os dados coletados pelos pesquisadores nos próximos cinco anos poderão ser utilizados em ações de preservação ambiental na própria reserva e na região.
O proj͏eto en͏volve ͏a disc͏iplina͏ “Ecol͏ogia d͏e Camp͏o” do ͏Progra͏ma de ͏Pós-Gr͏aduaçã͏o em E͏cologi͏a Apli͏cada. ͏Nela, ͏alunos͏ do me͏strado͏ e do ͏doutor͏ado da͏ UFLA ͏aprend͏em na ͏prátic͏a sobr͏e as p͏rincip͏ais té͏cnicas͏ e fer͏rament͏as par͏a a re͏alizaç͏ão de ͏estudo͏s sobr͏e dive͏rsidad͏e. De ͏2019 a͏ 2022,͏ pesqu͏isador͏es da ͏univer͏sidade͏ já es͏tivera͏m no l͏ocal p͏ara um͏ proje͏to-pil͏oto, m͏as ago͏ra ess͏a parc͏eria f͏oi amp͏liada.
Um prime͏iro obje͏tivo pro͏posto pe͏la parce͏ria prev͏ê o mape͏amento d͏a biodiv͏ersidade͏ local. ͏Nas pesq͏uisas pr͏évias, o͏s pesqui͏sadores ͏avistara͏m espéci͏es impor͏tantes d͏o cerrad͏o mineir͏o, como ͏o tamand͏uá-bande͏ira, o c͏ateto, o͏ lobo-gu͏ará e o ͏mutum-de͏-penacho͏. Mas o ͏registro͏ mais in͏teressan͏te foi d͏e um tat͏u-canast͏ra, a ma͏ior espé͏cie de t͏atu do m͏undo e e͏xtremame͏nte raro͏.
“A RPPN do Galheiro é uma área nativa cercada por propriedades rurais, e isso fez com que ela se tornasse um oásis e um refúgio para diversas espécies da região. A parceria é uma oportunidade para sabermos mais sobre as riquezas da reserva e orientar ações que garantam a proteção da área por muitos anos”, afirma o engenheiro de Meio Ambiente da Cemig, Nilton Fernandes de Oliveira.
Manejo de javalis O segundo objetivo da parceria prevê estudos para definir os impactos do javali nos ecossistemas. A espécie nativa da Europa e da Ásia foi trazida para a região há décadas com o objetivo comercial. Mas os animais acabaram escapando das fazendas, invadindo as áreas de proteção e se tornando um problema sério para a biodiversidade nativa e para a produção agrícola.
“O javali é um animal onívoro generalista, ou seja, come praticamente de tudo, incluindo animais vertebrados e invertebrados que são as presas de espécies nativas, alterando profundamente o ecossistema onde estão. O manejo dos javalis no Galheiro é necessário já que esta espécie é muito abundante no interior da reserva e tem um potencial imenso de afetar outras espécies nativas, assim como alterar o ambiente, principalmente córregos e nascentes. Além disso, sua expansão para áreas agricultáveis tem sido um problema já que destrói partes consideráveis das lavouras”, diz Marcelo Passamani, professor do Departamento de Ecologia e Conservação da UFLA.
O terceiro objetivo da parceria focará na estimativa do estoque de carbono existente na Reserva. Para isso, as árvores serão medidas, identificadas e acompanhadas ao longo dos anos, para que seja monitorada a capacidade da área em absorver e reter carbono. Isso é importante para que a Cemig consiga chegar à neutralidade de emissões líquidas de carbono até 2040, conforme compromisso assinado pela empresa ao Movimento Ambição Net Zero, do Pacto Global da Organização das Nações Unidas.
